- Eula D.T.Cabral
Cultura e conhecimento sob ameaça no Brasil
Que o Brasil está vivendo crises políticas e econômicas nos últimos meses, não é novidade. Ao contrário: é uma realidade que os brasileiros vêm sentindo na pele.
Mas, que essa realidade esmagaria a cultura e o conhecimento científico e apunhalaria pelas costas o presente e futuro de milhares de brasileiros, isso foi o pior que o brasileiro poderia receber antes do Natal.
Matérias jornalísticas e publicidades do governo exibidas na mídia dizendo que as reformas feitas resultariam em crescimento para o país foi a maior amostra de manipulação midiática dos últimos dias. Vale a pena conferir e entender como essa manipulação vem sendo feita.
Dizer que aumentar a sobrecarga de pagamento da Previdência para funcionários públicos (de 11% para 14% do salário bruto) e não permitir aumento nos salários como única estratégia de crescimento do país foi considerado algo criminoso pelo Judiciário.
De acordo com a matéria publicada, a juíza “Diana Wanderlei também teceu críticas à ausência de transparência do Governo Federal, fez referências às conclusões da CPI do Senado sobre a previdência, e nas informações contidas nos Relatórios do TCU, que são opostas às conclusões da União.”
“Ao final, entendeu que” o Governo Federal “precisaria esclarecer para a sociedade alguns questionamentos, entre eles: quais as rubricas que o compõe o alegado déficit da previdência? Diante da conjuntura atual, por que foram instituídos os recentes benefícios fiscais pelo Governo Federal, e por que se elegeu o aumento das alíquotas dos servidores públicos federais, para cobrir o alegado deficit? A União tem aportado corretamente o valor da sua parcela de contribuição social, nos termos das determinações do art. 8º, da Lei nº 10.887/04? Caso não, quanto não aportou? Estes gestores estão sendo processados civilmente, penalmente e com ações de improbidade administrativa, diante das condutas ilícitas?”.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, também não aceitou a Medida Provisória do governo federal.
E a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no dia 18 de dezembro de 2017, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para suspender a veiculação da propaganda do governo em favor da reforma da Previdência, alegando que "o governo não poderia ter usado dotação orçamentária suplementar, no valor de R$ 99,3 milhões, para custear uma propaganda em 'campanha estratégica de convencimento público' em que se dê espaço para opiniões divergentes".
Mais que isso, como explicar e aceitar
E mais: assim como aconteceu no Rio de Janeiro com Organizações Sociais (OS) dirigindo e fechando hospitais, bibliotecas-parque, escolas e centros de cultura, o próximo passo é levar essa realidade para as instituições públicas de cultura, de ensino e pesquisa no Brasil?
O Brasil precisa acordar.
As reformas do governo federal e das empresas estão acabando com a vida dos trabalhadores.
E o próximo passo é acabar definitivamente com a cultura, a saúde e a educação no Brasil.
O que é mais importante: deixar se iludir pelas propagandas e textos jornalísticos exibidos na mídia ou reagir diante da catástrofe?
Será que os brasileiros estão dispostos a regredir e voltar ao tempo dos coronéis e escravos (brasileiros sem direitos)?
É hora de acordar e reagir.
Milhões de brasileiros acordaram hoje sem emprego, dignidade, sem pão, sem saúde, sem teto, sem educação, sem cultura, sem direitos.
Ficaremos sentado(a)s e esperaremos que o cenário piore a cada dia?
Que mídia queremos?
Que Brasil queremos?
Abriremos mão da Cultura e do Conhecimento?