Encontro discute cultura, liberdade de expressão e democracia
No dia 11 de novembro de 2019 foi realizado no Rio de Janeiro o evento "Liberdade de expressão e democracia". Promovido pela Associação dos Produtores de Teatro do RJ (APTR), contou com a presença de alguns ex-ministros da Cultura, além de representantes das Comissões de Cultura do município, do estado e da União.
Estavam presentes no evento os ex-ministros Sergio Paulo Roaunet, Francisco Weffort, Luiz Roberto Nascimento e Silva, Gilberto Gil, Ana de Holanda, Marta Suplicy e Marcelo Calero, além da deputada federal Benedita da Silva (PT RJ, da comissão de Cultura da Câmara Federal), o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL RJ, da Comissão de Cultura da ALERJ) e o vereador Reimont (PT RJ, da Comissão de Cultura Municipal). O ex-ministro Juca Ferreira não pôde comparecer, mas enviou um representante. O ex-ministro Sérgio Sá Leitão não chegou a tempo por atraso no voo.
Foi um dia de vários transtornos na cidade do Rio de Janeiro, devido às chuvas, no entanto, o local estava lotado de ativistas e pesquisadores da área cultural.
Houve a apresentação de um trecho do espetáculo "Caranguejo Overdrive" com a atriz Carolina Virguez e a leitura de um manifesto pelo poeta e imortal Geraldo Carneiro, depois da exibição de um vídeo com atos recentes contra as artes, considerados como censura.
As falas tiveram início com Sérgio Paulo Roaunet que lembrou a frase, atribuída a Voltaire: "Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo" e foi aplaudido de pé.
Weffort disse que não é a primeira vez que a cultura passa por uma crise política e institucional. Falou em resistência.
Alguns, como Marcelo Calero e Marta Suplicy, defenderam a formação de uma frente ampla, suprapartidária, para defender a cultura.
Marta Suplicy iniciou lembrando a fala da Ministra Carmen Lúcia: "censura não se debate, se combate”. E afirmou: “estão sufocando a cultura e precisamos fazer algo".
Calero falou sobre a intenção deliberada de destruição do setor cultural e que é fundamental a mobilização, usando a criatividade.
Ana de Holanda falou sobre a herança colonial da América Latina, de violência contra os povos originários e que o atual governo adotou uma cartilha racista e misógina, que contamina as políticas culturais.
Luiz Roberto citou o rebaixamento do MinC para secretaria, a demonização dos incentivos públicos, a desmontagem das estruturas administrativas, como fatos graves. "A demonização dos incentivos à cultura desconsidera os impactos causados", afirmou.
Gil lembrou a trajetória do MinC e seu papel na implementação de políticas públicas culturais, ultrapassando o campo da formulação e chegando à ação. "Essa é a atitude que devemos cobrar aqui, compreender a importância do nosso passado e ter uma visão mais generosa com o nosso futuro".
Juca Ferreira enviou um texto falando sobre reagir aos riscos que ameaçam ao Brasil e sua cultura. "O que está em jogo nesse momento é se o Brasil cai na barbárie ou consegue defender o humanismo a favor de uma sociedade democrática".
Não houve encaminhamentos práticos, mas o encontro mostrou-se um importante e necessário espaço para reflexão sobre o setor cultural.
Confira o que a mídia publicou: