Ciência e Informação combatem Covid-19 dão recorde de audiência ao Roda Viva com @oatila
O biólogo, pesquisador e divulgador científico na internet, Atila Iamarino, @oatila, tem prestado grandes serviços ao Brasil esclarecendo o conteúdo de pesquisas científicas internacionais para o grande público através das redes sociais e agora também pela televisão aberta.
Baseando-se em linguagem clara e rigor científico, o doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pela USP e pela Yale University, é categórico ao informar - em todas as oportunidades - que a melhor estratégia de combate ao coronavírus é #FiqueEmCasa .
Iamarino é especialista no estudo de como se espalham e como evoluem vírus como HIV, Ebola, Zika e em seu canal no YouTube alertou para os impactos da doença Covid-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, caso o Brasil e outros países neguem as descobertas da Ciência. "A Covid mata de 10 a 20 vezes mais que o vírus da gripe comum, hospitaliza de 10 a 20 vezes mais pessoas que a gripe comum, então ela satura o Sistema de Saúde muito rapidamente, ela pode se transmitir para duas a três pessoas logo em seguida, isso é mais viral que memes na internet, que normalmente se espalham para duas pessoas ou menos, em média”.
O convite para o Roda Viva surgiu após a Live Coronavírus de 20/03 - O que o Brasil precisa fazer nos próximos dias #FiqueEmCasa, com duração de 1h16m, em seu canal no Youtube, quando afirmou, a partir de projeções internacionais, que a atual pandemia poderia matar um milhão no Brasil - caso medidas imediatas e drásticas não fossem tomadas pelos governos Municipais, Estaduais e em nível Federal para evitar o espalhamento do vírus no país - quando foi criticado por uns e ouvido por mais de cinco milhões, levando a população a tomar consciência de que a Ciência, aliada à Informação baseada em dados resultantes de metodologias científicas, poderá evitar muitos óbitos no país e no mundo, além de mitigar o impacto sobre o Sistema Único de Saúde no atendimento da população, a fim de evitar o provável colapso suposto até então.
A única possibilidade de desaceleração da curva de infeções no Brasil apoia-se na Ciência e na Informação de qualidade para superar a crise e baseia-se em modelos e previsões epidemiológicas, bem como na Imprensa e na mídia para saber o que ocorre em outros países, conforme ressaltou Atila: “Qualquer resposta que eu possa dar hoje depende de Ciência, seja histórica, para reconstruir o que aconteceu em 1918, ou predição, epidemiologia, biologia. Quando qualquer tomador de decisões, político, ou sanitarista, alguém que vai tomar decisões que afetam a vida das pessoas, quando vão tomar uma medida hoje, eles dependem disso: de olhar para o passado e de perguntar para a Ciência o que a gente prevê. É o que mais está em alta e temos condições de fazer são as previsões epidemiológicas, pra saber o potencial de infecção das pessoas”.
Iamarino alertou que o Brasil precisava parar e só deveriam ser mantidas as atividades essenciais. “A circulação de pessoas precisa parar”. Seu alerta repercutia o estudo publicado no dia 16/03/2020, pelo Imperial College, formado por mais de 50 epidemiologistas mundiais que informam a OMS, o que levou o Reino Unido a mudar sua política para coronavírus completamente, assim como os EUA que se basearam em informações de projeções de progressão do coronavírus e o que deveria acontecer.
No dia 20/03/2020, somando os números anunciados pelo Ministério da Saúde às informações publicadas na imprensa, o pesquisador apontou o total de 744 casos confirmados em todo território brasileiro. Naquele momento ele alertou que a queda no número de casos confirmados por dia havia devia-se, possivelmente, ao baixo número de testes sendo aplicados no país, assim como ao critério adotado pelo Ministério da Saúde no Brasil de medição de pessoas que dão entrada nos hospitais com sintomas. Assim, deixa-se de computar os casos recém infectados e deixa-se de ver o total de pessoas infectadas. O pesquisador explica que este olhar é voltado para o passado, “para quem se infectou lá atrás e ainda não desenvolveu os sintomas e ainda não desenvolveu as complicações, então a gente está perdendo e está trabalhando com a situação de muitos dias atrás”.
O pesquisador alertou então para a existência da transmissão localizada no Brasil, já estabelecida em diversos estados, e foi categórico ao avisar que aguardar apenas a contagem dos casos confirmados não seria adequado: “O Brasil promete crescer numa taxa mais rápida do que a Itália, então a gente pode esperar nos próximos dias, nos próximos meses, um cenário como o da Itália ou pior”, e foi didático: “Para cada semana que a gente demorar agora vocês podem esperar mais um mês ou dois das coisas acontecendo lá na frente”. Citando ainda o pronunciamento do Ministro da Saúde, horas antes, sobre a previsão de grande aumento de casos e a declaração de que o sistema de saúde iria entrar em colapso até o final de abril.
Assim, o pesquisador passou a analisar de forma comparativa o gráfico Itália, Espanha e Brasil: Casos confirmados de COVID-19 acumulados (Escala Logarítmica) desde o começo da epidemia. A curva de casos confirmados do Brasil começou devagar, mas já indicava um crescimento em ritmo mais rápido do que o da Itália. Temos mais casos novos, a diferença entre os países é de tempo. O crescimento é relativamente constante. países que crescem mais rápido é porque têm mais de um centro com pessoas infectadas. A China concentrou o foco em Wuhan ao promover medidas de fechamento da cidade. Eles tinham um lugar. Os EUA tinham em 20 de março três focos: NY, Washington e California, portanto o crescimento seria três vezes o da China.
Até a primeira quinzena de março, os EUA e a Inglaterra estavam com uma postura “mais relaxada” apesar dos milhares de casos e de não estarem testando pessoas. A estratégia da Inglaterra era até então inédita “vamos deixar a doença acontecer”. Ambos países não iriam parar até então.
Se o Brasil cresceu mais rápido do que a Itália, significa que o Brasil tinha mais focos de casos aumentando em mais regiões do que a Itália. A probabilidade apontava cidades mais populosas como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, “mas a gente só vai ver os casos nesses lugares quando tiverem que ser hospitalizados, quando tiverem que ser enterrados porque as pessoas começaram a morrer, aí a gente vai ver a estimativa deste surto por lá”, disse ele em seu canal, no dia 20/03/2020.
Dez dias depois, já no programa Roda Vida, devido ao forte questionamento por parte de políticos e empresários acerca do isolamento domiciliar, Atila foi explícito: “Você quer saber se devia parar ou não? Liga para o governador de Nova Iorque e pergunta o que ele tá achando de ter que comprar respirador manual, pra botar cinco pessoas pra manter alguém vivo (…) porque ele não vai ter respirador automático para todas as pessoas”.
“O mundo não vai voltar a ser o que era (…) É uma situação preocupante. Têm pessoas querendo voltar ao que tinham antes. Temos um histórico mais recente de negação da ciência, dos fatos”, destacou pesquisador científico durante entrevista ao Roda Viva, "para o mundo que a gente vivia não vamos poder voltar".
“Todo mundo vai ter que usar máscara por uns bons meses. A indústria tem que se adequar. (…) Não tem como retomar o que existia antes. Precisamos nos adequar a uma nova economia e ao trabalho remoto".
A entrevista no Roda Viva ocorreu dez dias após a live do biólogo, que também é fundador da ScienceBlogs Brasil, e causou grande impacto. No Twitter, o termo #RodaViva ficou em primeiro lugar nos Trending Topics Mundiais durante a exibição da entrevista; no Brasil, a hashtag se manteve no topo na lista até a madrugada, horas depois do fim do programa. No YouTube, já ultrapassa 3 milhões de visualizações.
Apresentado por Vera Magalhães, o programa contou com uma bancada de entrevistadores formada por Mariana Varella, editora-chefe do portal Drauzio Varella; Marcelo Soares, jornalista e diretor da plataforma Lagom Data; Herton Escobar, repórter do Jornal da USP; Fabiana Cambricoli, repórter do jornal O Estado de S. Paulo e mestra em saúde pública pela USP; e Nilce Moretto, jornalista e youtuber. Houve ainda a participação do cartunista Paulo Caruso.
O programa Roda Viva é transmitido ao vivo na TV aberta e nas redes sociais, com interpretação em Libras, pode ser visto na TV Cultura e afiliadas, e online no UOL, YouTube, Facebook, Twitter e no site da emissora. E tanto na TV aberta, quanto nas redes sociais, a entrevista bateu recordes de audiência tornando-se trending topic do Twitter mundial, e superou audiências históricas entre telespectadores.
Para saber mais:
O programa teve 3.057.589 de visualizações até esta publicação
Canal Atila Iamarino, esta live teve 5.476.969 de visualizações até esta publicação