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  • Maria Byington

Memorial colaborativo Inumeráveis homenageia vítimas da COVID-19 no Brasil e aceita voluntários

INUMERÁVEIS é um memorial digital e colaborativo para registrar a história e homenagear cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil. Familiares e pessoas próximas podem escrever sobre seus entes queridos para o memorial através de formulário no próprio site ou responder um questionário para que um dos colaboradores possa escrever um tributo no site (https://inumeraveis.com.br/).

O convite para ajudar a encontrar estas histórias, realizar entrevistas e/ou editar textos é aberto a jornalistas, estudantes ou qualquer pessoa goste de escrever. Interessados devem enviar um email para inumeraveis@gmail.com. Eram nove voluntários e novos estão chegando. Ao longo da tarde de hoje, mais de cinquenta biografias entraram no site, a maioria escrita por Rayane Urani.

Este memorial digital é o início do projeto que será uma instalação artística, conforme explica o idealizador Rogério Oliveira @rogerio.f.oliveira, na página do Instagram @inumeraveismemorial: “vidas perdidas acabam virando números e estatísticas, a gente acaba deixando de valorizar individualmente cada vida perdida. Surgiu então deste incômodo a ideia de criar um memorial digital onde a gente pudesse registrar de uma forma bonita as memórias de cada uma das vítimas aqui no Brasil”. Seu amigo, o artista e diretor de criação Edson Pavoni @edsonpavoni batizou o memorial de Inumeráveis para deixar claro que as pessoas não são números. “Cada vida é um universo e ao mesmo tempo são muitas vidas perdidas”, alerta Rogério. Pavoni irá transformar Inumeráveis em uma instalação pública para que não se esqueça a história de cada uma das vítimas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados no site da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), “o Brasil é um dos países com transmissão comunitária da COVID-19 e confirmou 85.380 casos e 5.901 mortes pela doença até a tarde do dia 30 de abril de 2020”, data em que o memorial entrou no ar.

Ontem, o site do Ministério da Saúde já registrava 96.559 casos de coronavírus e 6.750 mortes no Brasil até às 14h de sábado, dia 02/05/2020. Segundo informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país, do total de casos confirmados, 40.937 (42,4%) estão recuperados e outros 48.872 estão em acompanhamento.

Na mesma data, a juíza Andrea Pachá, publicou o artigo Direito à memória, ressaltando que “a desinformação deliberada e a omissão das autoridades não sepultam a realidade”, e destacou a relevância da homenagem às vítimas da COVID-19: “A memória que formos capazes de armazenar durante o confinamento determinará a maneira como caminharemos no futuro. O que desejamos perpetuar? O nome e a história dos mortos ou o desprezo para com a vida”?

Há pouco, os dados oficiais diários foram divulgados: “O Ministério da Saúde registrou 101.147 casos de coronavírus e 7.025 mortes da doença no Brasil até as 14h deste domingo”. Sendo que “estão em acompanhamento outras 51.131 pessoas (50,6%) e 1.364 óbitos permanecem em investigação. Nas últimas 24 horas foram registrados 4.588 casos novos e 275 novos óbitos”, com a ressalva de que “a maior parte é referente a outros períodos, mas foi inscrita de ontem para hoje”.

No entanto, conforme amplamente noticiado na imprensa brasileira e internacional, a subnotificação de casos é alarmante e aponta que mortes e casos graves de Covid-19 superam as estatísticas oficiais, conforme a ampliação do contágio avança e a falta de apoio e equipamentos para os profissionais de saúde se evidencia, aumenta o contágio e o óbito de cidadãos e cidadãs brasileiras de diversas faixas etárias.

“Não há futuro, sem compreensão do passado. Somos um acumulado de vidas e histórias dos que nos precederam. Sem nomes, sem memória, vidas são descartáveis”, explica Dra Pachá e prossegue: “Daí porque precisamos lembrar. Daí porque não podemos esquecer. Nunca as informações foram tão importantes para sair de uma crise”.

As histórias de vida já publicadas no site “Inumeráveis” (https://inumeraveis.com.br/) trazem o nome completo, a idade e uma frase síntese de sua individualidade. Ao clicar o nome, vemos o ano de nascimento e morte, um parágrafo com a biografia e indicação do local de nascimento e morte. Todas as biografias têm o final em comum “vítima do coronavirus”.

Inumeráveis é uma obra do artista Edson Pavoni em colaboração com Rogério Oliveira, Rogério Zé, Alana Rizzo, Guilherme Bullejos, Gabriela Veiga, Giovana Madalosso, Rayane Urani, Jonathan Querubina e os jornalistas e voluntários que continuamente adicionam histórias a este memorial.

Mais de 300 histórias já foram publicadas pelos colaboradores: Rayane Urani, Ticiana Werneck, Phydia de Athayde, Edson Pavoni, Gabriela Veiga, Alana Rizzo, Rogério Oliveira, Ana Clara Costa, Chico Bicudo, Bianca Ramos, Cintia Honorato de Santana, Malu Marinho, Samara Lopes, Carolina Lenoir, Gabriel Yudi Gati Isii, Edson Lira, Amanda Queiros Gondim Bezerra.

Cada Memorial traz a indicação de quem revisou e publicou, bem como identifica o testemunho e a data do relato. O leitor, ao final pode clicar em “Eu me conecto com essa história”, e então revela-se o número de pessoas que leram e se conectaram com esta vida que já não está entre nós. É comovente, ocorre uma profunda conexão humana através de uma ferramenta digital.

“Eu acredito muito que a arte, a sensibilidade da arte, aliada com o poder da tecnologia, o poder de transformação que ela tem, ela pode criar o futuro mais humano que a gente quer para o nosso mundo,” disse Edson Pavoni, no TEDx Talks Mauá em 2017.

O Memorial é um delicado exemplo do amplo leque que o campo das Humanidades Digitais poderá oferecer à civilização pós-pandêmica. Estas vidas e as próximas que ainda perderemos não serão esquecidas, descansem em paz irmãos e irmãs brasileiras, vamos lembrar para não esquecer, vocês serão sempre Inumeráveis.

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