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  • Maria Byington

Revista médica The Lancet alerta: no Brasil a maior ameaça à luta contra a Covid-19 é a presidência

Covid-19 no Brasil: E daí? Desde que foi publicado hoje, o editorial intitulado “Covid-19 in Brazil: So What?” da revista semanal The Lancet, um dos mais prestigiados periódicos médicos do mundo, está repercutindo em toda a mídia brasileira.

Citando declaração do presidente brasileiro ao defender a retomada das atividades econômicas quando o país já havia enterrado mais de cinco mil cidadãos, o editorial afirma: “há sinais de que a infecção avança para cidades menores do interior desprovidas de leitos de terapia intensiva e ventiladores mecânicos”. E pondera que ”talvez a maior ameaça à resposta à Covid-19 no Brasil seja seu presidente Jair Bolsonaro".

A edição online da revista The Lancet foi publicada um dia após posicionamento oficial da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmar a urgência de medidas rígidas de isolamento social e de ações de lockdown com base em análises técnico-científicas e com o objetivo de salvar vidas “no estado do Rio de Janeiro, em particular na região metropolitana, visando à redução do ritmo de crescimento de casos e a preparação do sistema de saúde para o atendimento adequado e com qualidade às pessoas acometidas com as formas graves da COVID-19”.

Em estudo recente, o Imperial College de Londres demonstra que, comparado a 48 países, o Brasil é o país com a maior taxa de contágio do mundo (R0 de 2,81), pois cada infectado contamina três pessoas. Se no dia 04 de maio os óbitos confirmados eram de 7288 vítimas, em apenas cinco dias estima-se o dobro.

“Mesmo sem o vácuo de ações políticas em nível federal, o Brasil teria dificuldade em combater o COVID-19. Cerca de 13 milhões de brasileiros vivem em favelas, geralmente com mais de três pessoas por quarto e pouco acesso à água potável”, explicando as recentes demissões dos ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta, ressalta ainda que “é uma distração mortal no meio de uma emergência de saúde pública e também é um forte sinal de que a liderança do Brasil perdeu sua bússola moral, se é que alguma vez a teve”.

A publicação inglesa lembra ainda a falta de renda de brasileiros com empregos informais e a ameaçada de genocídio das populações indígenas, “porque o governo ignorou ou até incentivou a mineração e extração ilegal de madeira na floresta amazônica. Esses madeireiros e mineradores agora correm o risco de trazer novas doenças para populações remotas,” o que já era grave antes, agravou-se com a Covid-19.

O editorial menciona ações da sociedade civil, como a auto proteção em favelas, uma carta aberta em defesa dos povos indígenas, divulgada em 3 de maio, assinada “por uma coalizão global de artistas, celebridades, cientistas e intelectuais, organizada pelo fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado, alerta para um genocídio iminente”, e manifestações de organizações científicas contra os “severos cortes no orçamento da ciência e um desmonte da previdência social e dos serviços públicos em geral”. E registra o frequente barulho feito por pessoas isoladas em suas casas como protesto durante os pronunciamentos presidenciais.

E, por fim, conclui: “O Brasil como país deve se unir para dar uma resposta clara ao "E daí?" pelo seu Presidente. Ele precisa mudar drasticamente o curso ou deve ser o próximo a seguir”.

Diversas organizações lançaram manifestos como o Pacto pela Vida e o Brasil em busca de unidade e soluções conjuntas na luta em defesa das vidas brasileiras ameaçadas pela falta de políticas públicas unidas contra a COVID-19.

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