Cultura no cárcere: Projeto será modelo no Estado de São Paulo

Há sete anos, o projeto #dinamic@r_seres juntamente com a Companhia das Letras do Estado de São Paulo e a Fundação Professor Manoel Pedro Pimentel (Funap), realizam produções culturais, totalizando 22 produções presentes no livro "Os poemas têm algemas" na Penitenciária Feminina de Campinas.

Atualmente, 20 detentas integram o clube de leitura, permitindo inclusive, a remissão por meio da leitura. Vale mencionar que, a remissão é um instituto de direito penal que consiste na possibilidade de diminuir o tempo de cumprimento da pena mediante a realização de trabalho ou estudo.

Além dessas participantes, outras 60 detentas participam das oficinas de produções culturais.

O projeto foi idealizado por uma das detentas em 2015.

"Aos 30 anos, “Fófis”, como pede para ser chamada, está há três anos e três meses na penitenciária. Ela conheceu o crack aos 17 anos e, desde então, viu sua vida tomar um rumo que não almejava. “Meu pai batia na minha mãe e eu sonhava em ser diferente. Mas aí eu conheci o crack”, e chora ao se lembrar. “Hoje, sei que estar liberta é estar liberta dos meus vícios.” Fófis se apresenta à reportagem com os cabelos delicadamente trançados e maquiada. Após a dura lembrança, esboça logo um sorriso e revela o porquê. “Sempre gostei das artes, mas também sempre me senti insegura. Por ter sofrido muito bullying, tinha receio de me expressar. Com o projeto de poesia, encontrei um espaço para poder criar. Hoje, meu corpo está preso, mas a minha mente está livre.”

As detentas revelam que a arte e a cultura no cárcere é muito importante e auxiliam nesse processo doloroso do encarceramento. E, devido ao sucesso, o odelo será implementado pela Funap gradualente em todo o Estado.

O projeto apresenta para as detentas novas perspectivas de futuro, em que muitas jamais tiveram acesso antes. É um processo de dar voz àquelas foram arginalizadas e silenciadas pela sociedade.

É finalmente, uma tentativa de ressocialização, fazendo com que a pena cumpra, de fato, seu papel: reintegrar o sentenciado, reprovar e prevenir o crime.

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/projeto-de-cultura-em-presidio-sera-modelo-no-estado-1.892122