Desafios sobre o uso das tecnologias em comunidades quilombolas e tradicionais é tema de pesquisa

A pesquisa Territórios Livres, Tecnologias Livres, realizada com 274 famílias de 33 comunidades dos nove estados do Nordeste entre os meses de abril a junho deste ano revelou dificuldades que famílias de comunidades quilombolas e rurais do Nordeste passam no que diz respeito às tecnologias digitais e à internet. Ausência de sinal de internet ou queda da qualidade quando chove, divisão dos custos de internet com vizinhos, celulares com limites de acesso, são algumas das dificuldades enfrentadas pelos entrevistados. O levantamento evidenciou que a desigualdade no acesso à rede tem consequências diretas na vida das mulheres quilombolas e trabalhadoras rurais.

Segundo a pesquisa, a partir de coleta de dados quantitativos e de relatos de mulheres, 29% dos domicílios nestes territórios não tem acesso a internet, 33% das famílias têm dificuldade para pagar os custos mensais com o serviço, 41% a internet fica ruim ou falha quando chove, 11% têm computador, ou seja 89% utilizam celulares com planos de dados limitados para ter acesso a informações sobre a pandemia de covid-19, estudar, trabalhar, acessar conteúdos religiosos e culturais e se conectar com a comunidade.

O estudo, protagonizado por mulheres negras, é parte de um projeto mais amplo, que incluiu um ciclo de formação sobre tecnologias e territórios, e a elaboração da segunda temporada do podcast Ondas da Resistência. Ele foi coordenado pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), e contou com o apoio da Association for Progressive Communications.

Os dados do estudo ainda não foram integralmente divulgados, e serão lançados na próxima sexta feira (23/07), as 14h em transmissão ao vivo pelo Facebook do MMTR-NE (MMTR-NE) e YouTube da CONAQ e Intervozes.