O conhecimento liberta!
O conhecimento liberta, literalmente.
A Independência da América Espanhola provam que sim, o conhecimento liberta.
A América Espanhola era uma colônia da Espanha localizada na América Central e parte da América do Norte. O processo de independência desses povos se deu no século XIX, o século das independências, cuja maioria foi dirigida por elites burguesas.
Tudo começa com a crise geral do Antigo Regime (poder absolutista - monarquia), o avanço do Iluminismo também se soma, bem como do liberalismo econômico, afinal a burguesia estava crescendo economicamente, que é influenciada por esses movimentos, objetivando assim, a quebra do pacto colonial. Vale dizer que a Independência das Trezes Colônias também se acrescenta nesses fatores. Fundamental dizer também acerca das guerras napoleônicas e os bloqueios continentais.
Com a deposição de Fernando VII (rei absolutista da França) após a invasão de Napoleão, é colocado no trono da Espanha José Bonaparte. Assim, houve de fato, uma instabilidade no governo espanhol. Mas, também, o desenvolvimento industrial também estava em voga.
Internamente, dentro das colônias espanholas, havia conflitos entre os chapetones (espanhois - topo da sociedade espanhola, também chamados de peninsulares) x criollos (espanhois nascidos na América, abaixo dos espanhois na estrutura social). Os criollos desejavam por mais poderes políticos e acreditavam que o pacto colonial obstava seus intentos. Os chapetones, por sua vez, queriam manter a colonização, devido aos seus privilégios. Mas veja, era elite contra elite.
As camadas desfavorecidas e marginalizadas viam a independência com expectativas.
E quem foram os precursores?
Tupac Amaru II, um líder indígena que liderou uma rebelião no Peru em prol da libertação. A rebelião fracassou e não foi possível a independência.
Francisco de Miranda (Venezuela, 1811) participou da libertação provisória da Venezuela.
Padre Morelos e Padre Hidalgo (México - pertenciam ao baixo clero), lideraram revoltas indígenas para libertação do México.
Antônio Sucre, venezuelano que ajudou a libertar o Equador e outros territórios.
San Martín (monarquista), da Argentina, que liderou o movimento sulista que culminou na libertação da Argentina.
Símon Bolívar, nascido na Venezuela, ajudou na libertação de vários territórios, defensor do republicanismo. Fazia parte da elite criolla. Seu desejo era formar uma confederação com todos os territórios livres.
Entendido isso, chegamos em Maria de Fátima Gouvea, historiadora que também traçou linhas sobre a independência, ressaltando um ponto muito importante: a existência de clubes literários, vide:
Seria nessa conjuntura instável que se daria a organização de movimentos clandestinos em prol da independência da Nova Espanha. A base principal de desenvolvimento desses movimentos se deu através da organização de sociedades secretas. Destacou-se fortemente, nesse sentido, o Clube Literário de Queretáro, do qual fazia parte o padre criollo Miguel Hidalgo y Costilla. Nesse espaço de intenso debate intelectual é que ele teria tomado conhecimento pela primeira vez da declaração dos direitos do homem, do contrato social, enfim, das doutrinas mais caras aos revolucionários franceses. Ele, que era um profundo conhecedor da cultura e dos hábitos indígenas, falando vários de seus dialetos, vivia cotidianamente o dramático contraste social verificado entre ricos e pobres em sua paróquia de periferia. Esse foi o percurso realizado por Hidalgo no desenvolvimento de sua idéia de revolução.
Muitos foram os fatores, mas de fato, os movimentos internos se iniciaram em clubes literários, trazendo à tona a máxima de que sim, o conhecimento liberta. O debate intelectual é um fator de progresso e libertação.
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