USP revela cartas escritas por indígenas no século 17
O professor Eduardo Navarro, da Faculdade de Filosofica, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, especialista em tupi antigo e em literatura do Brasil colonial, pesquisou seis cartas trocadas entre indígenas, em 1645, que são os únicos textos cohecidos, escritos pelos próprios indígenas, em tupi, nos tempos coloniais.
As cartas estão guardadas nos arquivos da Real Biblioteca de Haia, na Holanda, e detalham uma guerra religiosa travada entre portugueses e holandeses, com a presença de indígenas em cada lado, conhecida como Insurreição Pernambucana (1645-1654).
Navarro descreve que, do lado holandês, ficaram Pedro Poti e Antônio Paraopeba, indígenas protestantes, e, do lado português, Felipe Camarão, indígena católico, que pedia a seus parentes Poti e Paraopeba que voltassem para o lado português. "Esses pedidos estão nas cartas, todas de 1645: a primeira é de agosto e as últimas são de outubro. Foram preservadas seis cartas, mas imagino que deve haver mais", destaca o professor.
Ele explica que essas seis cartas pertenciam ao arquivo da Companhia das Índias Ocidentais, uma empresa de comércio com capitais privados e, também, capitais do Estado holandês. Foi esta Companhia que organizou a invasão do nordeste brasileiro, em 1625, que não foi bem-sucedida. Cinco anos depois, houve outra tentativa de invadir a costa do nordeste. E dessa vez, deu certo, principalmente, em Pernambuco, onde os holandeses permaneceram por 24 anos, desde 1630 até 1654.
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